Robinho cumprindo pena de 9 anos por estupro coletivo na prisão mais famosa do Brasil

Robinho cumprindo pena de 9 anos por estupro coletivo na prisão mais famosa do Brasil
Renata Britto 22 novembro 2025 0 Comentários

Robson de Souza, conhecido mundialmente como Robinho, ex-astro do Real Madrid e da seleção brasileira, está cumprindo uma pena de nove anos na Tremembé Penitentiary II — oficialmente Dr. Jose Augusto Cesar Salgado P2, em São Paulo — por seu envolvimento no estupro coletivo de uma mulher em um clube de Milão em 2013. A sentença, condenada pela Justiça italiana em 2017, foi transferida para o Brasil após falha na extradição, e o tribunal brasileiro rejeitou qualquer forma de prisão domiciliar. Hoje, aos 41 anos, ele é apenas o interno Robson de Souza, mas ninguém esquece quem ele foi. Nem os guardas. Nem os outros presos. E certamente não a sociedade.

Do galáctico ao presídio: a queda mais estrondosa do futebol

Robinho foi mais que um jogador. Foi prometido por Pelé como o sucessor natural do Rei. Com 100 partidas pela seleção brasileira, títulos na Europa e uma aura de estrela, ele representava o sonho brasileiro de conquistar o mundo com talento. Mas em janeiro de 2013, em Milão, tudo mudou. Uma mulher denunciou ter sido estuprada por Robinho e mais três homens em uma noite de festa. O caso virou manchete global. A prova, embora contestada por sua defesa, foi considerada suficiente para a condenação em 2017. Ele sempre negou, mas a justiça italiana não hesitou: nove anos de prisão. Agora, mais de oito anos depois do crime, ele está atrás das grades — e não há sinal de liberdade antecipada.

Na prisão dos famosos: convivência com os piores nomes do Brasil

A Tremembé Penitentiary II não é qualquer presídio. É o que a imprensa chama de "a prisão dos famosos". Com 430 detentos em celas de 9 a 15 metros quadrados — até seis por cômodo —, abriga alguns dos criminosos mais notórios do país. Entre eles estão Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato da filha Isabella; Lindemberg Alves, que matou Eloá Pimentel após mantê-la refém por 100 horas; e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, envolvidos no caso Richthofen. Também estão lá políticos, médicos acusados de abusos e até um homem que matou a própria filha. O lugar virou espelho da violência brasileira. E Robinho, o ex-jogador que um dia dançava em campos de futebol com milhões de olhares, agora caminha entre eles, sem privilégios.

"Aqui, os guardas estão no comando"

Em outubro de 2025, um vídeo divulgado pelo Conselho Comunitário de Taubaté — entidade ligada à juíza Sueli Zeraik — mostrou Robinho em um dos corredores da prisão. Ele falou com calma, quase resignado: "Aqui, o objetivo é reeducar e ressocializar quem errou. Nunca tive liderança aqui, nem em lugar nenhum. Os guardas estão no comando, e nós, presos, só obedecemos." A declaração foi cuidadosamente construída para apagar qualquer imagem de favorecimento. E a administração da prisão reforça: nenhum programa especial para festas de fim de ano. Nenhuma visita diferenciada. Nenhuma exceção. Seu nome não aparece em listas de privilégios. Sua esposa, Vivian, e os três filhos não puderam passar o Natal ou o Ano Novo com ele. "Tremembé não realizará programas especiais para o período festivo", afirmou o Departamento Penitenciário em nota.

Por que o Brasil aceitou a pena?

A Itália tentou extraditar Robinho por anos. Ele fugiu da Europa em 2019, retornou ao Brasil e se escondeu entre clubes de futebol amador e aparições na mídia. Em março de 2024, foi preso em São Paulo, segundo a Marca.com. Mas foi só em 2025, conforme relatos da Miscelana.com, que foi efetivamente encaminhado para Tremembé. A decisão de executar a pena no Brasil foi validada pela Justiça brasileira — não por simpatia, mas por tratados internacionais sobre execução de sentenças penais. O que muitos não sabem: o Brasil não pode impor pena mais branda que a original. Ou seja: se a Itália mandou para nove anos de prisão, o Brasil não pode substituir por prisão domiciliar. Foi exatamente isso que o tribunal rejeitou. Não há apelação possível. A pena está em curso.

Um caso que não passa em branco

Robinho não é apenas um criminoso. É um símbolo. Sua queda representa o colapso de um mito: o de que o talento esportivo protege, que a fama anula responsabilidade. A prisão onde ele está, segundo a Miscelana.com, "parou de ser um local de punição e se tornou um símbolo cultural, reproduzido em livros, documentários e novelas". O caso é estudado em faculdades de direito, discutido em debates sobre gênero e poder, e lembrado por jovens que cresceram vendo seus gols no YouTube. A justiça não pode apagar o passado. Mas pode, ao menos, mostrar que ninguém está acima dela — nem mesmo quem foi chamado de herdeiro de Pelé.

Quem são os outros presos que dividem a cela com Robinho?

Além dos já citados, a Tremembé Penitentiary II abriga Luiz Estevão, ex-deputado condenado por corrupção, e Roger Abdelmassih, ex-médico que abusou de 39 pacientes sedadas — embora ele tenha morrido sob prisão domiciliar em 2023. Há também mulheres entre os detentos: uma que esfaqueou o marido 56 vezes, outra que matou a própria filha. A prisão é um microcosmo da violência brasileira, onde o crime de poder, o crime de ódio e o crime de luxúria se misturam. Robinho entra nesse cenário não como estrela, mas como mais um nome na lista.

Frequently Asked Questions

Por que Robinho não foi extraditado para a Itália?

A Itália tentou extraditar Robinho por anos, mas ele alegou risco à saúde e à segurança pessoal no país europeu. A Justiça brasileira, após análise técnica e jurídica, decidiu que a pena poderia ser cumprida no Brasil, conforme tratado internacional entre os dois países. Isso evitou um processo longo e caro, e garantiu que a sentença fosse executada sem impunidade.

Robinho realmente não recebe tratamento especial na prisão?

Segundo relatos oficiais da administração da prisão e o próprio vídeo de Robinho, ele não tem privilégios. Não tem acesso a celas maiores, nem a refeições diferenciadas. Não pode receber visitas fora do horário permitido, e foi excluído de programas festivos. A equipe de segurança insiste que todos são tratados igualmente — mesmo que a mídia e os presos o reconheçam como ex-jogador.

Qual é a situação jurídica atual dele? Ele pode sair antes do tempo?

A pena de nove anos foi definitiva. O Supremo Tribunal Federal já rejeitou todos os recursos apresentados por sua defesa. A legislação brasileira exige que ele cumpra, no mínimo, dois terços da pena — cerca de seis anos e quatro meses — antes de qualquer possibilidade de progressão de regime. Mesmo assim, isso não garante liberdade. Ainda assim, não há indícios de que ele terá direito a regime aberto ou domiciliar.

Como a sociedade brasileira reagiu à condenação dele?

A reação foi dividida. Muitos torcedores o abandonaram, chamando-o de "traiçoeiro" e "hipócrita". Mas houve também quem o defendesse, alegando "injustiça" ou "mídia condenatória". Movimentos feministas, porém, usaram o caso como símbolo da impunidade contra mulheres. O fato de ele estar atrás das grades, mesmo após anos de negação, foi visto por muitos como um avanço simbólico na luta contra o estupro.

O que acontece com a carreira dele após a prisão?

A carreira de Robinho como jogador terminou em 2020, quando foi banido pela Fifa por envolvimento em esquemas de corrupção e, posteriormente, pela Justiça italiana. Após a prisão, qualquer retorno ao futebol é impossível. A CBF e a Fifa têm políticas rígidas contra atletas condenados por crimes sexuais. Mesmo que cumpra a pena, ele não poderá atuar em ligas profissionais, nem em cargos de gestão no esporte.

Por que essa prisão virou um símbolo cultural?

A Tremembé Penitentiary II concentra criminosos cujos casos marcaram a história recente do Brasil — desde assassinatos de crianças até abusos de poder. A mídia, livros e novelas repetem suas histórias como alertas sociais. Robinho, como ex-ícone do esporte, é o elo entre a fama e a queda. Ele não é apenas um preso: é a representação de que ninguém está imune à justiça, mesmo quando viveu o sonho brasileiro.

© 2025. Todos os direitos reservados.