Disney deixa de divulgar número de assinantes e foca em lucros
Quando Bob Iger, CEO da The Walt Disney Company, subiu ao palco em Burbank, Califórnia na manhã de apresentação dos resultados financeiros trimestraisBurbank, ele e o diretor financeiro Hugh Johnston anunciaram que a Disney vai parar de divulgar o número de assinantes das suas plataformas de streaming.
Contexto da mudança estratégica
A decisão chega num momento em que a corrida por mais assinantes já não garante mais crescimento de caixa. Desde que a Netflix começou a esconder seus números, outras gigantes começaram a questionar se vale a pena expor métricas de audiência que, na prática, não traduzem lucro.
Em 2024, a Disney já havia sinalizado intenção de rever sua estratégia de conteúdo, cortando produções “mediocres” e focando em franquias que realmente puxam receita. O resultado foi um aumento de 2,6 milhões de assinantes no terceiro trimestre de 2025, mas o lucro operacional praticamente dobrou em relação ao ano anterior.
Detalhes da decisão e números divulgados
Segundo a própria empresa, a partir do primeiro trimestre fiscal de 2026 o número de assinantes do Disney+ e do Hulu deixará de ser publicado. O ESPN+ já inicia essa prática no quarto trimestre fiscal de 2025.
Os últimos números que a Disney chegou a divulgar mostraram 128 milhões de assinantes do Disney+ no Q3 2025, enquanto a soma Disney+ e Hulu alcançava 183 milhões – um crescimento discreto, mas ainda significativo. Em contraste, o relatório da revista The Wrap apontou uma perda de 700 mil assinantes no Q1 2025, alimentando o debate interno sobre a saturação das marcas Marvel e Star Wars.
- Lucro operacional no Q3 2025 dobrou em relação ao mesmo período de 2024.
- Investimento em conteúdos originais subiu 15% no último ano.
- Integração completa do Hulu ao Disney+ prevista para 2026.
- Desinvestimento total da participação da Comcast em Hulu concluído em junho de 2025.
Reações do mercado e da indústria
Analistas da EXAME elogiaram a transparência ao explicar que “os números de assinantes perderam relevância para avaliar a performance”. Já o fundo de investimento SOPACultural levantou preocupação: “Se os investidores não enxergam crescimento, a pressão por eficiência pode aumentar.”
De outro lado, representantes da Netflix observaram que “o modelo de assinatura está mudando” e que o foco maior em margem pode beneficiar quem já possui base de usuários consolidada.
Impactos para consumidores e concorrentes
Para o assinante médio, a mudança não implica em preço mais baixo imediatamente, mas pode sinalizar cortes de conteúdo menos rentável. Alguns críticos já apontam que a retirada de séries “mediocres” pode melhorar a percepção de qualidade – algo que o produtor anônimo citado pelo The Wrap descreveu como “diluição criativa”.
Concorrentes como Amazon Prime Video e HBO Max podem aproveitar a oportunidade para reforçar seus catálogos originais, já que a Disney concentra esforços em grandes lançamentos como “Thunderbolts” e “Fantastic Four”.
Próximos passos e cenários futuros
Nos próximos meses, a Disney deve publicar um relatório detalhado sobre a integração do Hulu, incluindo como a nova estrutura afetará a distribuição de anúncios no ESPN+. O CFO Johnston indicou que “a padronização dos relatórios financeiros” permitirá investimentos mais ágeis em tecnologia de recomendação e experiência do usuário.
Especialistas em mídia acreditam que, se a estratégia de lucro superar a de crescimento, poderemos ver fusões menores dentro do setor, já que conteúdos de nicho se tornarão mais valiosos. Mas, como qualquer mudança, há riscos: a ausência de métricas de assinantes pode dificultar a avaliação de engajamento, gerando dúvidas nos acionistas.
Perguntas Frequentes
Como a parada de divulgação de assinantes afeta os investidores da Disney?
Os investidores perderão um indicador tradicional de desempenho, mas ganharão foco em métricas de lucro e caixa. Isso pode tornar a avaliação da empresa mais complexa a curto prazo, porém, a transparência sobre a margem operacional pode atrair fundos que priorizam rentabilidade.
Quais plataformas deixarão de publicar números de assinantes e quando?
O ESPN+ começa a ocultar seus dados no quarto trimestre fiscal de 2025. Disney+ e Hulu seguem no primeiro trimestre fiscal de 2026, conforme anunciado pela diretoria nas apresentações financeiras de agosto de 2025.
Qual a relação entre a compra da participação da Comcast e a integração do Hulu?
Ao adquirir a participação remanescente da Comcast em junho de 2025, a Disney passou a deter 100% do Hulu, o que viabiliza a fusão total da plataforma ao Disney+ em 2026, eliminando a necessidade de um serviço separado nos EUA.
O que a mudança indica sobre a estratégia de conteúdo da Disney?
A Disney pretende concentrar investimentos em franquias de alto valor, como Marvel, Star Wars e novos títulos como “Thunderbolts”. A estratégia reduz o risco de lançamentos “mediocres” que, segundo produtores citados, diluem a marca e afastam assinantes.
Como a decisão da Disney pode influenciar outras plataformas de streaming?
Se a rentabilidade se provar mais sustentável, é provável que concorrentes como Amazon Prime Video e HBO Max reavaliem suas métricas de sucesso, possivelmente adotando políticas semelhantes de menos divulgação de assinantes e mais foco em EBITDA e margem de lucro.
Ana Carolina Oliveira
outubro 24, 2025 AT 20:22A mudança de foco da Disney pra lucro é um sinal de que o mercado de streaming já não dá mais margem pra crescimento de assinantes. Quando as margens aumentam, a empresa pode reinvestir em conteúdos de alta qualidade. Isso pode ser bom pra quem curte os grandes lançamentos da Marvel e Star Wars. Vamos acompanhar se a estratégia realmente traz mais valor ao usuário.
Bianca Alves
outubro 30, 2025 AT 15:15Apesar de tudo, a Disney ainda detém um legado cultural incomparável. 🎭