Disney+ perde 700 mil assinantes e volta o foco para a lucratividade

Disney+ perde 700 mil assinantes e volta o foco para a lucratividade
Renata Britto 26 setembro 2025 14 Comentários

Nos últimos três meses de 2024, a Disney divulgou que o Disney+ perdeu 700 mil assinantes. O número total de usuários do serviço principal – excluindo o Hotstar da Índia – acabou em 124,6 milhões, 1% abaixo do trimestre anterior.

Perda de assinantes e aumento de receita

A queda coincidiu com a decisão da empresa de subir os preços das assinaturas. Analistas já apontavam que a estratégia de reajuste poderia afastar quem estava na faixa de preço mais baixa ou ainda aproveitava ofertas promocionais que expiraram recentemente. Ainda assim, o segmento Direct‑to‑Consumer (DTC) fechou o trimestre com lucro de US$ 293 milhões, um salto de US$ 431 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.

O faturamento da divisão de streaming subiu 9% ao ano, chegando a US$ 6,07 bilhões. Esse resultado veio principalmente da elevação do ARPU (receita média por usuário) nas plataformas Disney+ e Hulu. A receita da Disney+ sozinha somou US$ 2,82 bilhões no primeiro trimestre de 2025, totalizando US$ 10,4 bilhões ao longo de 2024 – crescimento de quase 24%.

O cenário não foi uniforme: enquanto o Disney+ encolheu, o Hulu adicionou 1,6 milhão de novos assinantes, atingindo 53,6 milhões de usuários. Por outro lado, o ESPN+ também sentiu a pressão e perdeu 700 mil assinantes, refletindo a volatilidade do mercado de streaming esportivo.

Estratégia de lucratividade da Disney

Estratégia de lucratividade da Disney

Bob Iger, CEO da companhia, deixou claro que a prioridade agora é a rentabilidade, não o número bruto de assinantes. A mudança de foco marca uma virada em relação à era de crescimento agressivo, quando a missão era simplesmente acumular usuários. Entre as ações anunciadas, a Disney vai inserir um botão do ESPN dentro do Disney+, reforçando a integração dos seus ativos de conteúdo.

Além disso, cerca de 30% dos assinantes do Disney+ optaram pelo plano com anúncios, o que ajudou a elevar o ARPU para US$ 7,55. Esse modelo híbrido tem sido uma ferramenta valiosa para equilibrar a perda de usuários pagos com a monetização de quem prefere uma opção mais barata.

  • Preço do Disney+: aumento de 10% em média nas principais regiões.
  • ARPU Disney+: subiu de US$ 6,70 para US$ 7,55.
  • Hulu: +1,6 milhão de assinantes, atingindo 53,6 milhões.
  • ESPN+: -700 mil assinantes.

Um detalhe que influenciou os números divulgados foi a nova parceria com a Reliance Industries, que consolidou os negócios da Disney na Índia. A partir de agora, os assinantes do Disney+ Hotstar não são mais contabilizados nos relatórios trimestrais da empresa, o que reduziu a base global aparente.

Apesar das perdas, a Disney superou as expectativas de Wall Street. O resultado total de receita foi de US$ 24,7 bilhões, com lucro por ação ajustado de US$ 1,76, ambos acima das projeções dos analistas. A plataforma mantém a quarta posição entre os serviços de vídeo sob demanda (SVOD) no mundo, com 12% de participação de mercado.

Em suma, a Disney está navegando em um mar de mudanças: ajustes de preço, estratégia de combinação de conteúdo e foco na geração de lucro. O desafio agora é equilibrar a retenção de usuários com a necessidade de manter margens saudáveis, especialmente diante da concorrência crescente de outras plataformas globais.

14 Comentários

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    Rodrigo Junges

    setembro 27, 2025 AT 09:30

    Se o Disney+ tá perdendo assinante mas ganhando mais grana, tá tudo certo. O negócio agora é lucro, não popularidade. Quem quer barato vai pro YouTube ou pirataria, e boa.

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    Guilherme Silva

    setembro 28, 2025 AT 06:01

    É só questão de tempo até todo mundo perceber que streaming não é mais sobre quantidade, é sobre qualidade e valor. Se você paga mais e tem mais conteúdo bom, vale a pena. A Disney tá no caminho certo.

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    Walacis Vieira

    setembro 28, 2025 AT 15:30

    Claro, porque é óbvio que aumentar preço e cortar conteúdo é 'estratégia'. Enquanto isso, o Hulu cresce com séries de baixo custo e o Disney+ vira um repositório de filmes de 2010 que ninguém lembra mais. O que eles fizeram com a Marvel, por exemplo? Virou um catálogo de promessas não cumpridas.

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    Luciana Castelloni

    setembro 29, 2025 AT 11:47

    É interessante ver como o mercado está se reequilibrando. Assinantes que antes aceitavam qualquer coisa agora querem valor real. O ARPU subindo mostra que quem ficou é quem realmente valoriza o conteúdo. Isso é saudável pra indústria.

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    guilherme Luiz

    setembro 29, 2025 AT 14:33

    o disney+ ta mais pra uma biblioteca de luxo do q um serviço de streaming. se vc n tem grana pra pagar, n tem problema, tem outro monte de coisa boa por ai. o importante é n se estressar com isso 😊

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    Ronaldo Vercesi Coelho Jr

    setembro 30, 2025 AT 17:47

    30% no plano com anúncio? Tá vendo isso? É só o começo. Daqui a 6 meses vai ter anúncio de 20 segundos antes de cada episódio e o Disney+ vai virar um canal de TV com mais botões. Eles vão vender seu sangue, sua alma e seu tempo de vida. Não acredita? Espere.

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    Mike Stucin

    outubro 1, 2025 AT 04:25

    Se o Hulu tá crescendo, talvez seja hora de juntar tudo num só app. Menos confusão, mais experiência. E se o ESPN+ tá caindo, talvez o botão dentro do Disney+ seja a solução. A ideia faz sentido.

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    Iara Rombo

    outubro 2, 2025 AT 17:31

    A lógica da Disney é clara: o consumidor médio não é mais um número para ser engordado, é um cliente para ser valorizado. O aumento de preço afastou os que só queriam um catálogo gigante sem critério, e trouxe quem realmente assiste, discute, e paga pra ver. É o fim da era da quantidade e o começo da era da intencionalidade. Isso não é crise, é evolução.

    Quem se lembra da época em que o Netflix tinha 200 séries e ninguém sabia por onde começar? O excesso de escolha paralisa. Agora, o Disney+ oferece foco. A Marvel não precisa de 10 filmes por ano, precisa de 3 bons. A Pixar não precisa de 5 lançamentos por temporada, precisa de um que emocione. E isso, sim, é cultura.

    Os números da Índia não foram perdidos, foram desacoplados. Isso não é uma redução, é uma reestruturação. O Hotstar sempre foi um mercado à parte, com regras diferentes, e mantê-lo na mesma métrica era distorcer a realidade do negócio global.

    Quem critica o aumento de preço esquece que o custo de produção de um filme da Disney é de centenas de milhões. O preço da assinatura não cobre só o streaming, cobre o trabalho de milhares de pessoas: roteiristas, animadores, dubladores, designers, e até os que limpam os estúdios à noite. O lucro não é ganância, é sustentabilidade.

    Se o ESPN+ perdeu assinantes, é porque o esporte ao vivo não é mais só sobre transmissão. É sobre experiência. E a integração com o Disney+ pode trazer mais valor ao fã de esporte que também gosta de filmes. Isso é sinergia, não falha.

    Wall Street não está errada. O mercado de streaming está saturado. Crescer sem lucro é um jogo de cartas marcadas. A Disney está jogando limpo: corta o que não funciona, investe no que importa, e deixa claro que não vai se vender por números falsos.

    Isso não é um declínio. É um amadurecimento. E quem ainda acha que streaming é só sobre quantidade, ainda está no século passado.

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    Flávia Pellegrino

    outubro 4, 2025 AT 06:51

    Se o Disney+ tá lucrando mais, por que não aumentar ainda mais o preço? Vai que o público se acostuma e começa a aceitar US$ 20 por mês. Afinal, quem não quer ver o novo filme da Mulher-Maravilha, né? Só não esqueçam de colocar um botão de 'comprar ingresso no cinema' lá dentro também.

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    Laís Norah

    outubro 6, 2025 AT 05:30

    Interessante como a estratégia mudou. Não é mais sobre ter o maior catálogo, mas sobre ter o mais relevante. Acho que isso reflete um movimento mais amplo na cultura de consumo.

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    Veridiana Farias

    outubro 6, 2025 AT 17:07

    É curioso como o mercado reage: perde usuários, ganha dinheiro, e todo mundo se assusta. Mas o que é mais surpreendente é que ninguém fala do que realmente importa: o conteúdo. O que a Disney está fazendo é redefinir o que significa 'valor' para o espectador. E talvez, só talvez, isso seja o futuro.

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    Moisés Lima

    outubro 7, 2025 AT 06:14

    Isso tudo é uma fachada. O Disney+ perdeu assinantes porque o público descobriu que os filmes novos são cópias repetidas, os desenhos são feitos por IA, e o único conteúdo original que sobrou é o da Pixar - e ainda assim eles estão escondendo os clássicos pra forçar a assinatura. E o pior: a parceria com a Reliance? É uma fachada pra esconder que a Disney tá se retirando da Índia porque o mercado lá não dá lucro suficiente. Eles estão vendendo o que não vale mais nada e fingindo que é estratégia. Isso é manipulação. E vocês estão acreditando.

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    Marcos Suela martins

    outubro 8, 2025 AT 20:06

    Claro, lucro acima de tudo. E o que acontece com os fãs que não têm dinheiro? Eles viram lixo? A Disney já não é mais uma empresa de entretenimento, é um fundo de investimento com um logo de um rato. E vocês acham que isso é normal? Não é. É triste.

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    Cheryl Ferreira

    outubro 9, 2025 AT 04:50

    A decisão da Disney de priorizar lucratividade em vez de crescimento numérico é, na verdade, uma atitude madura e corajosa. Em um mercado saturado, onde a concorrência é feroz e os consumidores estão cada vez mais exigentes, manter a qualidade e a sustentabilidade financeira é o único caminho viável a longo prazo. O aumento do ARPU demonstra que os usuários que permaneceram estão dispostos a pagar mais por uma experiência superior - e isso é um sinal positivo. A integração do ESPN+ no Disney+ pode ser um diferencial estratégico importante, especialmente para famílias que buscam um único ponto de acesso para entretenimento. Além disso, o modelo híbrido com anúncios oferece uma alternativa acessível sem comprometer a experiência essencial. A queda no número de assinantes não é um fracasso, mas uma correção de rumo. O que importa não é quantos estão na plataforma, mas quem está lá - e o quanto valoriza o que é oferecido. Essa mudança reflete uma compreensão profunda do mercado contemporâneo: menos é, de fato, mais.

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