Disney+ perde 700 mil assinantes e volta o foco para a lucratividade

Nos últimos três meses de 2024, a Disney divulgou que o Disney+ perdeu 700 mil assinantes. O número total de usuários do serviço principal – excluindo o Hotstar da Índia – acabou em 124,6 milhões, 1% abaixo do trimestre anterior.
Perda de assinantes e aumento de receita
A queda coincidiu com a decisão da empresa de subir os preços das assinaturas. Analistas já apontavam que a estratégia de reajuste poderia afastar quem estava na faixa de preço mais baixa ou ainda aproveitava ofertas promocionais que expiraram recentemente. Ainda assim, o segmento Direct‑to‑Consumer (DTC) fechou o trimestre com lucro de US$ 293 milhões, um salto de US$ 431 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
O faturamento da divisão de streaming subiu 9% ao ano, chegando a US$ 6,07 bilhões. Esse resultado veio principalmente da elevação do ARPU (receita média por usuário) nas plataformas Disney+ e Hulu. A receita da Disney+ sozinha somou US$ 2,82 bilhões no primeiro trimestre de 2025, totalizando US$ 10,4 bilhões ao longo de 2024 – crescimento de quase 24%.
O cenário não foi uniforme: enquanto o Disney+ encolheu, o Hulu adicionou 1,6 milhão de novos assinantes, atingindo 53,6 milhões de usuários. Por outro lado, o ESPN+ também sentiu a pressão e perdeu 700 mil assinantes, refletindo a volatilidade do mercado de streaming esportivo.

Estratégia de lucratividade da Disney
Bob Iger, CEO da companhia, deixou claro que a prioridade agora é a rentabilidade, não o número bruto de assinantes. A mudança de foco marca uma virada em relação à era de crescimento agressivo, quando a missão era simplesmente acumular usuários. Entre as ações anunciadas, a Disney vai inserir um botão do ESPN dentro do Disney+, reforçando a integração dos seus ativos de conteúdo.
Além disso, cerca de 30% dos assinantes do Disney+ optaram pelo plano com anúncios, o que ajudou a elevar o ARPU para US$ 7,55. Esse modelo híbrido tem sido uma ferramenta valiosa para equilibrar a perda de usuários pagos com a monetização de quem prefere uma opção mais barata.
- Preço do Disney+: aumento de 10% em média nas principais regiões.
- ARPU Disney+: subiu de US$ 6,70 para US$ 7,55.
- Hulu: +1,6 milhão de assinantes, atingindo 53,6 milhões.
- ESPN+: -700 mil assinantes.
Um detalhe que influenciou os números divulgados foi a nova parceria com a Reliance Industries, que consolidou os negócios da Disney na Índia. A partir de agora, os assinantes do Disney+ Hotstar não são mais contabilizados nos relatórios trimestrais da empresa, o que reduziu a base global aparente.
Apesar das perdas, a Disney superou as expectativas de Wall Street. O resultado total de receita foi de US$ 24,7 bilhões, com lucro por ação ajustado de US$ 1,76, ambos acima das projeções dos analistas. A plataforma mantém a quarta posição entre os serviços de vídeo sob demanda (SVOD) no mundo, com 12% de participação de mercado.
Em suma, a Disney está navegando em um mar de mudanças: ajustes de preço, estratégia de combinação de conteúdo e foco na geração de lucro. O desafio agora é equilibrar a retenção de usuários com a necessidade de manter margens saudáveis, especialmente diante da concorrência crescente de outras plataformas globais.