The Voice Brasil muda de casa: SBT e Disney+ confirmam técnicos e Tiago Leifert na volta em 2025

Depois de 11 anos na Globo, The Voice Brasil abre uma nova fase com duas casas: SBT e Disney+. O anúncio, feito nesta quarta-feira, 20 de agosto de 2025, vem com três cartas fortes na mesa: a volta de Tiago Leifert à apresentação, o retorno de Boninho como diretor artístico e um painel de técnicos que mistura estrada e novidade: Mumuzinho, Péricles, a dupla Matheus & Kauan e Duda Beat. As gravações começam em setembro, e a estreia está prevista para outubro, com transmissão simultânea na TV aberta e no streaming.
Não é só uma troca de emissora. É uma mudança de modelo. O SBT recoloca um grande reality musical em seu horário nobre, enquanto a Disney aposta em uma experiência estendida para quem quer ir além do episódio tradicional. O formato que o público conhece — audições às cegas, batalhas e apresentações ao vivo — está mantido, mas a proposta é ampliar a janela de consumo e o tempo de conversa nas redes.
Tiago Leifert, que comandou o programa de 2012 a 2021, reassume o microfone que o consagrou no gênero. Ele volta com a missão de costurar o ritmo do show do jeito que o público lembra: leve, direto e com o timing certo para a emoção e para o humor. A presença dele ajuda na ponte entre a memória afetiva do fã e a curiosidade por essa versão em nova casa.
Outro retorno que chama atenção é o de Boninho na direção artística. O reality nasceu no Brasil sob a batuta dele, com a fórmula que tornou as cadeiras vermelhas um símbolo da TV recente. Ele volta para pilotar a linguagem do programa neste momento de transição, unindo o DNA conhecido a um ambiente mais multitelas. Na prática, é apostar em uma condução que valoriza histórias, edição afiada e performance.
A virada de chave: por que SBT e Disney+ dividem o palco
A estratégia do SBT e da Disney+ é jogar em duas frentes ao mesmo tempo. Na TV aberta, alcance e hábito. No streaming, profundidade e tempo estendido. A produção confirmou que todo episódio será transmitido ao vivo nas duas plataformas, mas o assinante do Disney+ vai encontrar material complementar que não passa no SBT. Em bom português: mais bastidores, mais trechos ampliados e a possibilidade de rever a temporada completa quando quiser.
Esse modelo híbrido tem ganhado espaço porque atende públicos diferentes. Tem quem ligue a TV e acompanhe em família, sem pular nada. E tem quem prefira maratonar, pausar, voltar, comparar versões de uma música. Ao oferecer as duas coisas, a parceria amplia a vida útil de cada episódio e abre espaço para conversas que não cabem na edição ao vivo.
Para o SBT, é também um reforço de posicionamento. O canal volta a disputar grandes formatos musicais e ganha um produto com forte apelo comercial. Para a Disney, é uma forma de aumentar a presença no entretenimento ao vivo local, com uma marca que já vem com plateia cativa. O casamento tem lógica: a TV aberta impulsiona a audiência e o streaming sustenta a recorrência.
O funcionamento será simples para o público: transmissão simultânea e, depois, o episódio disponível na íntegra no Disney+ para quem perdeu ou quer rever. A diferença prática é o conteúdo extra, que a produção define como uma “experiência complementar” para assinantes. Não é um recurso novo no mundo do streaming, mas é raro ver essa proposta em sincronia com a TV aberta em tempo real no Brasil.
O calendário está definido: set de gravação armado em setembro, estreia em outubro e, a partir daí, sequência semanal com as fases tradicionais. Com o cronograma adiantado, a equipe tem tempo para preparar os pacotes de bastidores e organizar a cobertura digital que costuma acompanhar cada apresentação.

Quem são os técnicos e como será a temporada
O painel de técnicos foi montado para criar choque de estilos e, ao mesmo tempo, encaixe de repertórios. A ideia é clara: abrir espaço para vozes de gêneros distintos e, com isso, atrair perfis variados de candidatos e de público.
- Mumuzinho: vindo do pagode e do samba, ele conhece o jogo do programa por dentro. Passou pelo The Voice Kids (2020-2023), pelo The Voice+ (2021) e pelo The Voice Brasil (2023). Experiência de cadeira e leitura rápida de potencial são as armas dele. Nas palavras do cantor, em nota à imprensa: "Tenho orgulho de fazer parte do The Voice. Quero que meu time se sinta seguro para arriscar e dar tudo no palco."
- Péricles: uma das vozes mais respeitadas do pagode, com décadas de estrada, afinação de sobra e repertório que vai do romântico ao partido-alto. Ele deve trazer atenção à interpretação e à escolha de tom, pontos sensíveis para candidatos que chegam com potência, mas ainda precisam de direção.
- Matheus & Kauan: a dupla sertaneja atua como um único time técnico. Isso abre espaço para arranjos, duetos e leituras diferentes do mesmo candidato dentro do universo country-pop. É um trunfo para quem quiser transitar entre o sertanejo atual e a balada radiofônica.
- Duda Beat: representante do pop alternativo, com estética moderna e atenção à construção de identidade no palco. Ela amplia a paleta do programa e tende a acolher vozes que fogem do óbvio, da sofrência pop ao indie com sotaque brasileiro.
A convivência desses quatro polos deve produzir as melhores batalhas. Um candidato que se dá bem no samba pode surpreender ao segurar um pop com arranjo minimalista. Uma voz sertaneja pode ganhar corpo com percussão mais marcada. O painel foi desenhado para justamente provocar essas travessias.
O formato continua com as audições às cegas abrindo a temporada. É o momento em que a história do candidato e a performance falam mais alto do que a aparência. Se a cadeira gira, nasce a conexão entre técnico e artista. Se mais de um técnico virar, vem a disputa por argumentos, que sempre rende boas cenas.
Na fase seguinte, as batalhas colocam duas vozes do mesmo time no ringue. A avaliação passa a considerar encaixe, criatividade e controle. Aqui, os técnicos afiam ferramenta de arranjo, tom e respiração. Em paralelo, a produção pode acionar mecanismos conhecidos do formato, como resgates entre equipes, para manter talentos promissores no jogo.
Chegando aos shows ao vivo, a performance ganha outra camada: resistência e presença de palco. São apresentações com banda, mudanças de figurino e escolhas de repertório semana a semana. É quando se separa quem canta bem de quem segura o palco inteiro. E é também o momento em que a conversa com o público cresce, com torcida organizada e debates acalorados nas redes.
Tiago Leifert deve atuar como moderador desse calor. Ele tem a capacidade de ouvir o técnico, acolher o candidato e, ao mesmo tempo, traduzir para quem está em casa o que aconteceu na música. É uma habilidade rara e muito útil quando a temporada entra no modo ao vivo.
Para a produção, a meta é equilibrar história e competição. O público gosta de saber de onde o candidato veio, mas não quer perder tempo com enrolação. O ritmo do programa depende de edição enxuta nas audições e mais respiro nas batalhas. Com a experiência acumulada do time criativo, a tendência é ver episódios com narrativa clara e uma curadoria musical que converse com o Brasil de 2025.
A diversidade do painel também dialoga com o momento da música brasileira. O sertanejo segue forte nas paradas; o pagode vive nova onda de colaborações e festivais; o pop alternativo ganhou público que descobre artistas por streaming e clipes curtos. Ao reunir esses três mundos, o programa tenta capturar a trilha sonora que se ouve hoje nas playlists e nas ruas.
Do lado de bastidores, há uma missão logística importante: garantir qualidade de som na TV aberta e no streaming ao vivo, sem perdas entre plataformas. Microfonação, mixagem e retorno precisam funcionar com precisão milimétrica. É detalhe técnico, mas faz toda a diferença para quem acompanha em casa, especialmente em TVs conectadas e fones de ouvido, onde cada falha aparece.
Outro ponto de atenção é a escolha de repertório. Canções muito conhecidas encantam plateia, mas exigem coragem para trazer algo novo. Músicas menos óbvias destacam originalidade, mas pedem cuidado para não afastar o público. A melhor temporada costuma nascer desse equilíbrio — e da assinatura de cada técnico na identidade do seu time.
O anúncio desta semana mexeu com as redes. Fãs que acompanharam o programa desde a primeira fase celebraram a volta com Tiago no comando e curiosidade sobre a química entre os técnicos. A presença de duas grandes vozes do pagode no painel abre espaço para duelos memoráveis, enquanto a dupla sertaneja deve turbinar versões que o público canta junto. Duda Beat tende a ser o porto para os candidatos que sonham com um pop autoral, menos óbvio e mais contemporâneo.
Falando de mercado, essa parceria SBT–Disney+ indica um caminho possível para formatos de grande porte no Brasil: TV aberta para alcance e streaming para profundidade. Se funcionar, outros títulos podem seguir a trilha. Por ora, o recado é simples: o palco está armado, as cadeiras vão girar e a nova casa promete manter a essência que fez do programa um fenômeno, agora com mais tempo de tela para quem quiser acompanhar cada passo.