Rodrigo Maia é hostilizado por apoiadores de Bolsonaro no resort da Bahia

Quando Rodrigo Maia, ex‑presidente da Câmara dos Deputados (PSDB‑RJ) saiu do restaurante do Tivoli Ecoresort Praia do Forte no último domingo (20/11/2022), foi cercado por gritos de "ladrão" e "pilantra". Vanessa Canado, advogada e companheira do deputado, esteve ao lado dele durante o café da manhã. O incidente foi filmado, circulou nas redes e culminou numa denúncia à Polícia Civil da Bahia, que agora investiga ameaças e possível stalking sob o artigo 147‑A do Código Penal.
Contexto político pós‑eleição de 2022
O episódio não aconteceu num vácuo. Na segunda‑volta da eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva venceu Jair Bolsonaro por pouco mais de 2 pontos percentuais. Rodrigo Maia, que já havia se posicionado a favor do candidato do PT, chegou a publicar foto mostrando o gesto "L" ao lado do comprovante de voto. Essa postura gerou revolta entre militantes bolsonaristas, que ainda carregavam ressentimento de eleitores que acreditavam que Maia teria sido responsável por atrasar decisões importantes durante a sua gestão (2016‑2021).
Detalhes da hostilidade no resort
Segundo os vídeos, um homem gritou "pilantra" enquanto uma mulher, ainda não identificada, questionou sarcasticamente: "É gostoso tudo que você roubou da gente, deixou de fazer, que atrasou o país, é gostoso?" O tom era agressivo, mas sem ameaças físicas diretas. Rodrigo Maia reagiu erguendo a mão em forma de "L", o símbolo associado a Lula, numa tentativa de se reafirmar politicamente. Em seguida, ele e Vanessa Canado deixaram o local sem maiores confrontos.
Reação da polícia e enquadramento legal
A Delegacia de Proteção Ambiental (DPA), responsável pelo caso, declarou que aguardava a representação formal de Maia para iniciar o depoimento. "A unidade já solicitou informações ao estabelecimento, para a identificação dos envolvidos", disse o comunicado oficial. A investigação se baseia no artigo 147‑A, que define stalking como perseguição reiterada que ameaça a integridade física ou psicológica da vítima. A pena pode variar entre seis meses e dois anos de prisão, além de multa.
Perspectivas de outros atores políticos
O incidente também reacendeu discussões sobre o futuro de Arthur Lira, que substituiu Maia na presidência da Câmara em 2021, alinhado ao ex‑presidente Bolsonaro. Alguns analistas veem a hostilidade a Maia como parte de uma estratégia de intimidação contra políticos que se afastaram da agenda bolsonarista. "É um sinal de que a polarização ainda está muito viva, sobretudo nos ambientes de lazer onde deveríamos nos sentir seguros", comentou Cláudio Cunha, professor de ciência política da Universidade Federal da Bahia.
Impacto para o debate público
O caso gerou um intenso debate nas redes sociais sobre limites da liberdade de expressão e o risco de violência política. Enquanto alguns defendem que manifestar descontentamento, mesmo de forma contundente, está dentro do direito democrático, outros alertam que a escalada de ofensas pode cruzar a linha do crime. O próprio Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente, mas apoiadores declararam que "não vão aceitar que opositores usem símbolos de Lula em público".
Próximos passos da investigação
Se a polícia conseguir identificar os agressores, eles poderão responder pelos crimes de ameaça e perseguição. A Polícia Civil da Bahia já solicitou às seguranças do hotel imagens de câmeras de segurança e está avaliando a possibilidade de abrir um inquérito por incitação ao crime. Enquanto isso, Rodrigo Maia mantém a intenção de “não ser intimidado”, segundo entrevista ao O Globo no dia seguinte ao fato.
Pontos chave do caso
- Data: 20 de novembro de 2022
- Local: Tivoli Ecoresort Praia do Forte, Bahia
- Vítima: Rodrigo Maia, ex‑presidente da Câmara dos Deputados
- Autoridades envolvidas: Polícia Civil da Bahia e Delegacia de Proteção Ambiental
- Base legal: Artigo 147‑A do Código Penal (stalking)
Frequently Asked Questions
Por que Rodrigo Maia foi alvo de agressões no resort?
Ele havia manifestado apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022, o que irritou apoiadores de Jair Bolsonaro. O gesto "L" que fez durante a confrontação foi visto como provocação pelos militantes bolsonaristas.
Qual a punição prevista para o crime de stalking no Brasil?
O artigo 147‑A do Código Penal estabelece pena de seis meses a dois anos de prisão, além de multa, para quem persegue outra pessoa repetidamente, ameaçando sua integridade física ou psicológica.
A polícia já identificou os responsáveis?
Até o momento, a Polícia Civil da Bahia está analisando as gravações de segurança do hotel e ainda não divulgou nomes. A investigação está em fase preliminar.
Como o caso reflete a polarização política no Brasil?
Ele evidencia que as tensões eleitorais continuam a se manifestar em espaços privados, como hotéis e aeroportos. A intolerância entre apoiadores de diferentes candidatos tem se traduzido em confrontos verbais e, em alguns casos, em ameaças formais.
Qual é a posição de Rodrigo Maia sobre o ocorrido?
Ele afirmou que está disposto a colaborar com as investigações e que não aceitará intimidação, ressaltando que a democracia exige respeito ao direito de opinião, mesmo que divergente.
Leilane Tiburcio
setembro 29, 2025 AT 21:36A situação no resort deixa um mau gosto, mas é importante manter a calma e buscar soluções legais. O fato de Rodrigo Maia ter sido alvo mostra o quanto a polarização está presente até nos lugares de lazer. Quando alguém se sente ameaçado, a denúncia à polícia é o caminho correto. Esperamos que a investigação traga respostas e sirva de alerta para quem tenta impor medo.